"Velozes e Furiosos 5" (Fast Five) [EUA] , 2011 - 130 min. Ação Direção: Justin Lin Roteiro: Chris Morgan Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne "The Rock" Johnson, Joaquim de Almeida, Jordana Brewster, Chris “Ludacris” Bridges, Tyrese Gibson, Matt Schulze, Sung Kang, Gal Gadot, Elsa Pataky, Don Omar, Tego Caldero.
Nunca fui tão insultado por um filme. "Velozes e Furiosos 5" insultou tanto a minha inteligência quanto ao meu país.
Não foi a completa ausência de roteiro que me insultou. A série começou de uma produção despretenciosa que caiu no gosto dos mais adolescentes. Um filme após o outro o tal do roteiro era da profundidade de um pires de tão razo. Portanto, não esperava muita coisa. Também não foi a propaganda enganosa com o título tanto em português quanto em inglês sobre velocidade. A ausência da principal característica da série, sua marca registrada, que são os pegas entre carros alucinantes não fez tanta falta assim. Muito menos o filme girar entorno de Vin Diesel e The Rock Johnson - quando a série inteira girava ao redor de Brian (Paul Walker), pois a contribuição do personagem para este filme não faria a menor diferença depois que se junta personagens de todos os episódios anteriores (sem a menor preocupação de manter sequer suas personalidades). Minimamente, então, pelo filme ser uma imensa bobagem do começo ao fim e créditos finais.
O insulto começa logo na primeira e eletrizante cena de ação. Dominic Toretto (Vin Diesel) esta em um ônibus prisional, sendo levado para a penitenciária onde irá cumprir a pena de 25 anos pelos feitos cometidos e ilustrados nos filmes anteriores da saga. O espetacular arremesso de ônibus provocou apenas a fuga, pelo jeito sem nenhum arranhão, de Toretto. Para garantir, jornais de todo os Estados Unidos garantem: apenas um fugiu e não houve machucados! Pera lá, um ônibus prisional viaja sem escolta, rodopia a uns 200 quilômetros por hora, e nem um arranhãozinho? Nem um bandido escapou junto? Como são precisos os amigos de Toretto!
Não, o insulto não para por aí. Ele apenas estava começando. Muito pior estava por vir. Sem a menor explicação, Mia (Brewster), Brian (Walker), e Dominic (Diesel) vão parar no Rio de Janeiro. Lá encontram um velho amigo de Toretto que, também sem motivo algum, é chefe de um grupo de favelados armados até os dentes. Sem motivo nenhum mesmo! Não vende droga, não contrabandeia armas, nem sequer palavrão fala! E o mais bonito é que eles guardam a mesma posição, no mesmo lugar do morro, e com a mesma cara, pois há uma outra cena em que eles são requisitados a mostrarem suas armas e eles repetem tudo isto com perfeição!
Se subestimar insistentemente a sua inteligência não for um insulto o bastante, que tal visitar sua casa, bagunçá-la inteira e ainda dizer que sua esposa e filhas são umas vagabundas? Pois é, eles fazem tudo isso sem o menor peso na consciência.
Veja só: que a polícia do Rio de Janeiro não goza de boa fama internacional a gente entende, mas colocar o cofre do bandido - e do qual somente ele consegue abrir - dentro da superintendência da Polícia Militar chega a ser uma cusparada em nossa cara. Sair com esse cofre pelas ruas bem caribenhas do Rio de Janeiro destruindo tudo sem se importar ou machucar ninguém faz cuspir duas vezes. Achou pouco? Que tal um trem de passageiros bem high tech em pleno deserto carioca, com cânions e vegetação idêntica ao do Arizona? Ou a placa de "Bienvenidos"? Ou a mãe chamando por seu "mi filhinu"? Ou a mais hilária de todas as situações: misturar-se entre os carros da polícia sem ninguém perceber que se é um carro da Polícia Civil sendo pilotada por alguém fardado de Policial Militar???
Nenhum ator brasileiro ao longo de todo o filme. Qual a solução que foi adotada para dois brasileiros conversarem entre si no Brasil e não ser em inglês? Dublar toscamente e dar uma banana para a sincronização com os lábios. Chega a parecer aquelas situações patéticas de delay jornalístico entre estúdio e a rual. Hernand Reyes, com seu nome bem brasileiro igualmente ao bem brasileiro deserto e seu trem hightech, por ser interpretado por um português (Joaquim de Almeida), não tem esse problema de dublagem tosca. Mas, um português ensinar que para dominar o Brasil é necessário repetir o que os portugueses fizeram trocando espelhinhos com os índios, faz pular de raiva até o menos patriota dos brasileiros. E a irmã de Toretto? Que perfeição de português que ela fala - melhor do que todos, absolutamente todos, os brasileiros! Jordana Brewster, que cresceu no Brasil, empresta sua estridente voz praticamente sem sotaque à sua personagem Mia Toretto. O problema é que a personagem é estadunidense "da gema".
Agora, a piada de péssimo gosto ficou inteiramente apresentado por Dwayne "The Rock" Johnson!
Ele chega ao Brasil chamando todos, absolutamente todos os policiais de corruptos. Tanto que só acredita na incorruptividade que a recém-viúva e belíssima (e única em todo o filme que possui pelo menos nos seios um pouco das curvas da mulher brasileira) Policial Militar Helena Neves (Elsa Pataky), que não faz absolutamente nada o filme inteiro a não ser se render ao charme de Diesel. Sobe o morro e com um simples comando de voz intimida todos os favelados armados até os dentes (mas que não se dá motivo algum para que eles tenham que se armar tanto - talvez esperando o BOPE). Estraga a festinha bem "chicana", repleta de mulheres "táboas" em roupas minúsculas e sem o menor apelo sexual para qualquer brasileiro, sem dar um tiro sequer. Ou melhor, só baixa a bola quando outro americano diz ao povo brasileiro o que se deve fazer - a lastimável cena do "This is Brraziu!" de Vin Diesel. E a tão esperada pancadaria entre The Rock e Diesel é decepcionante.
Realmente odiei este filme. Cada segundo dele é um insulto ora a minha inteligência, ora ao meu país, ora por ambos. E o pior: vai ter uma continuação! (Eva Mendes aparece entre os créditos finais - só faltou cantar "Como uma Deusa!").
Ósculos e amplexos!
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