"Como Arrasar um Coração" (L'Arnacoeur), 2010 [França, Mônaco] Direção: Pascal Chaumeil Atores: Romain Duris, Vanessa Paradis, Julie Ferrier, François Damiens, Helena Noguerra). Duração: 105 min Comédia Romântica
Alex Lippi (Duris) é um homem exótico, normalmente seria classificado como feio pelas brasileiras. Porém, dada sua postura logo no cartaz do filme, é possível ouvir suspiros até mesmo das mais exigentes desta terra descoberta por Cabral. É exatamente a ideia de Lippi: o embuste enquanto arma de sedução. Segundo ele, há três tipos de mulheres: as felizes, as infelizes, e aquelas que não sabem que são infelizes. E é para o terceiro tipo de mulher que seus serviços são contratados. Lippi é, na verdade, um sedutor de aluguel que costuma ser contratado para dissuadir mulhereres infelizes de se casarem com a fonte de suas frustrações. Como principais aliados, Lippi conta com sua irmã, Melànie (Ferrier), e seu cunhado, Marc (Damiens) - atrapalhados, porém uma espécie de faz-tudo. Porém, os negócios não vão nada bem. Manter o custo de seus personagens é caro, provocando dívidas imensas que o forçarão a um dilema ético: intervir no relacionamento perfeito da riquíssima filha de uma espécie de gangster francês, Juliette van der Becq (Paradis).
O filme nos informa o tempo todo de que se trata de uma comédia romântica, pois explora inteligentemente inúmeros clichês do gênero. Porém, ele renega, ao mesmo tempo, a cartilha de Hollywood. Ou melhor, Lippi sentia-se seguro com essa cartilha até que Juliette aparece em seu caminho e o faz de idiota. A brincadeira com o gênero não para por aí, destacando-se para a deliciosa situação no carro quando "malandramente" toca no rádio "Wake Me Up Before You Go-Go", da banda Wham! (que apresentou George Michael, lembrou?) e a coreografia imortalizada de Patrick Swayze e Jennifer Grey em "Dirty Dancing", 1987. Ainda mais, o filme é uma delícia tanto com a cara de Duris para provocar seu choro arrebatador quanto com a performance ninfomaníaca da espetacular Sophie (Helena Noguerra), amiga de Juliette. E mais, assim como Lippi, logo no início da exibição, nos informa que não há relação sexual com suas clientes, a tradicional apelação sexual inexiste. Sempre são situações em busca do beijo arrebatador que irá mostrar para a pobre moça o quanto ela está infeliz. "Merci" após o beijo é o real pagamento do sedutor Lippi.
É claro que o filme também tem seus tropeços. Curiosamente, o filme beira momentos de filmes de espionagem, Lippi apanha de brutamontes, mas não há nenhum bandido para fazer frente ao mocinho. Aliás, a reviravolta final é demasiadamente frágil, não convence, e busca um riso fácil que foi realmente desnecessário para as inúmeras situações provocadas ao longo de todo o filme. Também peca pelo tempo, tornando-se enfadonho várias vezes até que mais uma das várias viradas aconteçam ao longo da história. O filme não é necessariamente original (nem quer ser, chegando a brincar com isso), mas não acrescenta originalidade em momentos em que sobrava chance para o mesmo acontecer. Por fim, o filme é bastante comercial e tem o público dos Estados Unidos como clientela o tempo todo - o que o faz ser atípico para quem está acostumado com as comédias francesas.
Apesar das falhas, "Como Arrasar um Coração" é uma delícia de comédia-romântica. Mostra com muito charme Paris e Mônaco - sem nos fazer insignificantes em meio a tanto luxo e riqueza. Arranca risos gostosos e apresenta um frescor para um gênero tão frequentemente mal tratado por Hollywood.
Ósculos e amplexos!
Valeu a dica.. Já comecei a planejar o domingo que vem... rsrsrs
ResponderExcluirÔpa... não irá se arrepender. Aliás, das estreias, é o que lançou um pouco de alegria em um mar de tragédias.
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