quarta-feira, 9 de maio de 2012

"O Casamento do Meu Ex", 2010: Quantas oportunidades jogadas fora!

"O Casamento do Meu Ex" (The Romantics) [EUA] , 2010 - 95 min. Drama / Romance Direção: Galt Niederhoffer Roteiro: Galt Niederhoffer Elenco: Katie Holmes, Anna Paquin, Josh Duhamel, Elijah Wood, Malin Akerman, Adam Brody, Dianna Agron, Jeremy Strong, Rebecca Lawrence, Candice Bergen


E novamente o título dado aqui no Brasil não favorece muito o filme. As Românticas era a forma em que os Lila (Paquin) e Laura (Holmes) eram conhecidas nos tempos de faculdade. Inseparáveis, dividiam praticamente tudo, inclusive o namorado Tom (Duhamel). Na verdade, sem maiores explicações, Tom troca Laura por Lila e com essa vai se casar. Como madrinha de honra, Lila foi convidada. O filme, que possui o péssimo título que nos remete imediatamente à comédia-romântica "O Casamento do Meu Melhor Amigo, 1997" e o cartaz típico de comédia independente engana. Quem vai para o cinema para ver uma comédia romântica, depara-se com um romance bem fraquinho.

Ao longo dos 95 minutos de exibição, vamos vendo a melancolia de praticamente todos os personagens saltarem da tela, mas sem nenhuma objetividade. As situações de conflito e os melhores momentos se anunciam, mas quando chega a hora de vermos algo acontecer: nada acontece. Dá-se mais atenção para os momentos de "picardias estudantis", como a persistente ideia de se nadar pelado (que no fim das contas acaba sendo um nado de roupas íntimas). E, com isso, vamos nos irritando com o eterno e constante sentimento de coito interrompido.

O elenco é bom. Tem-se o que há de maior frescor. Mas os personagens não convencem. O andar rápido, com saia de normalita da personagem Lila no começo do filme nos antecede que ela fará uma personagem que não nos convence. A belíssima Holmes tem a mesma cara tanto para sofrimento quanto para o momento de bebedeira com a rapaziada. E o drama com os outros casais é praticamente um tédio só (quando aparenta que algo vai de fato acontecer, novamente coito interrompido). Até mesmo quando o vestido de noiva se rasga, que poderíamos ver uma excelente hora de explosão de som e fúria, outro coito interrompido. O final não poderia ser diferente, outro coito interrompido.

Que pena, pois os personagens tinham muita facilidade de nos cativar. Realmente, vamos nos compadecendo no drama de cada um dos personagens. Exceto o de Elija Wood, que realmente não tem o menor espaço no filme (além de estar horrível e sem sentido algum).

Ósculos e amplexos!

"Projeto X" (2012): que coisa horrorosa!

"Projeto X: uma festa fora de controle" (Project X) EUA , 2012 - 87 min.  Comédia / Documentário / Drama Direção: Nima Nourizadeh Roteiro: Matt Drake, Michael Bacall Elenco: Thomas Mann, Oliver Cooper, Jonathan Daniel Brown, Kirby Bliss Blanton, Alexis Knapp

O que acontece com a população americana? Investem cada vez mais no estilo Todd Phillips de mau gosto (ele é o pai da criança "Se Beber Não Case"). Além de ser horroroso, é gravado com a técnica que ficou famosa por "A Bruxa de Blair". Ou seja, é ruim de ver, é ruim de acompanhar, e as cenas são apelativas demais.

A história é a de sempre: outsiders que desejam ser pop e que fazem qualquer idiotice para conseguir. Thomas Mann e seus amigos aproveitam a ausência dos pais daquele para armar uma festa. O resultado: a festa toma proporções imensas até sair completamente exorbitantemente e destrutivamente - e não estou exagerando - fora de controle. Se tiver estômago ou não mais que 16 anos, (ainda que o filme seja recomendado para maiores de 18), é capaz de gostar dessa coisa horrorosa.

Dá para se aproveitar muito pouco. Talvez a parte em que roubam um anão. Talvez os momentos mais picantes. Mas, nada que deveria ser demais é, e nada que deveria ser deixado de lado foi. E me irritei muito com inúmeros momentos do filme.

Preocupa-me a releitura de "Curtindo a Vida Adoidado" para a época pós-Se Beber Não Case e Jack Ass.

Definitivamente, idiota e uma perda de tempo.

Ósculos e amplexos!

"Mamute", 2010: Suave, como exige esse paquiderme.


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  •  "Mamute" (Mammuth) 2010 Diretor: Gustave de Kervern, Benoît Delépine Elenco: Gérard Depardieu, Yolande Moreau, Isabelle Adjani, Benoît Poelvoorde, Miss Ming Gênero: Comédia Dramática Duração: 92 min. País: França 



É fácil de entender que há algo rústico, lento, "dinossáurico" no centro da tela grande e que será a alma de todo o filme. Além de uma moto com o nome do paquiderme ancestral há Serge (Depardieu), que é assim. Serge se encontra no limiar de um dos maiores problemas da vida: o tédio ao se aposentar. Devido a uma insana burocracia francesa, Serge deverá ir atrás de seus dez empregos anteriores. Para isso, ele conta apenas com a sua memória e sua moto Mamute. 

O filme, apesar de retratar um mamute figurativamente, ele é bastante suave igual ao personagem. Inculto, grosseirão, fedido, aos poucos, em sua "road trip" ele vai encontrando novos sentidos para sua vida. Principalmente quando encontra sua sobrinha um tanto quanto afetada Miss Ming (Ming). Mas não deixa de ser interessante. De maneira bastante leve, tem-se na tela todos os fantasmas de Serge. Mas ele convive muito bem com eles. O problema são as memórias que ainda estão vivas e que, ao encontrar com elas, vai achando tudo desinteressante e absurdamente sem gosto (inclusive uma discutível lembrança dos tempos de garoto entre ele e seu primo que beira a loucura de tão deprimente e nada atraente).

O jeitão enorme da falta de físico de Depardieu se encaixa perfeitamente com a angústia do personagem que busca um lugar neste mundo neste momento de sua vida. Ele representa tudo o que está velho e ultrapassado na opinião desse mundo que ele não se encaixa. Ele é lento com sua moto de outrora envenenada - as motos envenenadas de hoje passam voando por ele. Sua cortesia é vista como idiotice. E assim por diante, sempre em um tom irônico em nenhum momento apelativo, ainda que por vezes indigesto. Sempre suave.

Aos poucos, Miss Ming e seu jeitão afetado vai fazendo Serge encontrar gosto pela vida. Ela vive em outro mundo, mas que não aceita esse mundo tão quanto o velho mamute. Ela mostra a beleza de se sentir as coisas. E assim, aos poucos, Serge vai entender o seu valor.

O único problema é que o filme termina meio sem sal. Esperava alguma coisa acontecer no final. Mas, ao mesmo tempo, talvez seja justamente a beleza dessa obra.

Ósculos e amplexos!


"Espelho, Espelho meu!" (2012): divertido de tão bobinho.

 
Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror). EUA, 2012. Direção de Tarsem (Singh). 106 min Com Julia Roberts, Nathan Lane, Lily Collins, Armie Hammer, Jordie Prentice, Mare Winngham, Sean Bean, Michael Lerner, Michael Provinelli.

Engana-se quem pensa que irá assistir mais uma versão da badalada história de Branca de Neve. Mas, acerta quem acha que verá mais uma sátira do velho conto de lenhadores alemães. Prova de que a história ainda povoa as imaginações dos mais insanos aos mais inocentes. O filme possui poucos elementos de conexão com a versão mais conhecida (creio que a mais conhecida seja a da Disney, de 1937).  Basicamente manteve a própria Branca de Neve - que nunca pega sol, por isso tão alva -, a madrasta, o príncipe e os anões. De resto, apenas dialoga com a versão mais conhecida.

Julia Roberts não está em seu mais destacado trabalho, definitivamente. A diva passa por um sério processo de envelhecimento e os brilhos da jovialidade já não mais a acompanha. O que me deu a impressão de que sua capacidade de interpretar ironias na tela grande se tornasse algo um pouco metalinguístico. Continua bela, é claro, mas lhe falta o tempero que todos aprendemos a gostar em seus trabalhos. Por outro lado, fiquei embasbacdo como o príncipe (Hammer) ficou pela Branca de Neve (Collins). Não se trata de uma beleza exuberante. Mas de uma capacidade de encantar os mais desprevenidos que, aos poucos, vamos dando razão para o espelho quando diz "que se cai enfeitiçado pela beleza de Branca".

O príncipe (Hammer) definitivamente é bobo demais para arrancar suspiros das meninas. Aliás, tenta ser o príncipe abobado e não convence mesmo assim. O ingrato personagem de Nathan Lane é o de puxassaco oficial da rainha. Ou como o espelho diz: o bajulador oficial. Roberts brilha somente quando Lane levanta a bola para ela cortar - salvo nas sequências em que Roberts é o espelho.

Quem me chamou a atenção mesmo, além de Collins, foram os anões. Não me lembro de um filme com tantos atores bons sendo bem aproveitados. Não vemos os anões na situação nem de bizarrice e nem de palhaços de circo. São convincentes em quase tudo o que fazem, além de bastante charmosos.

Confesso que me incomodei com a mudança de nomes dos anões e com outras coisas. Mas, o filme pede para que não o levemos à sério. E o resultado foi que eu acabei gostando, ainda que o tenha achado fraco demais para jovens e adultos.

Ósculos e amplexos!

PS* é a última vez que assisto um filme no UCI do Shopping Palladium, juro! Toda vez que venho, alguém não se comporta na sala de cinema. Dessa vez, uma moça não parava de falar ao telefone - mesmo após insistentes assovios e palavrões que ela escutou por conta disso.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Entretenimento familiar: filmes da temporada de férias 2012.


Olhando para minha última postagem, faz oito meses que não apareço por aqui. Não é por não acompanhar mais o cinema, coisa que continuo fazendo e muito. Mas outras prioridades atravessaram minha vida e o blog ficou para um segundo momento. Aos poucos, volto a postar. Tem bastante filme comentado em minhas anotações pessoais – e que aos poucos vou digitando.

A postagem de hoje não é uma resenha específica como o de costume neste humilde bloguinho. Mas, o atendimento a um pedido que alguns amigos me fizeram. Preocupados em prover para suas famílias um contato saudável com a arte ou mesmo com o mero entretenimento, querem saber quais as estreias da temporada de verão americana recomendada para a família. Em semana da fulminante estreia de “Os Vingadores”, preocupação mais do que justa.

O critério é deveras simples: são considerados filmes para toda a família aqueles classificados até PG-13. Explico: na classificação estadunidense há cinco categorias analisadas de maneira bastante criteriosa quando o assunto é classificar algo para um determinado tipo de público, mas, como sempre, a decisão é de quem compra o ingresso. Lá, G (General Audiences) é certeza de que se trata de uma atração para todas as idades. O problema é que os estadunidenses consideram somente atrações absurdamente infantis – “Rugrats”, por exemplo, não se encaixa nessa categoria. PG (Parental Guide Suggested) joga para os pais o alerta de que pode não ser completamente adequado para os mais pequeninos. Às vezes uma ironia ou uma rápida expressão um pouco mais severa de um personagem pode incomodar pais mais atentos – mas, em geral, uma rápida observação dos pais de que aquilo não é exemplar resolve maiores conflitos. PG-13 (Parents Strongly Cautioned) alerta aos pais que eles realmente irão se incomodar caso menores de 13 anos assistam o conteúdo a ser apresentado. R (Restricted) não recomenda o acesso para menores de 17 anos (que, no Brasil, encontrei vários títulos “R” classificados como impróprio para 16, 14 e até 12 anos). Por fim, os NC-17 (No One 17) e os X (conteúdo erótico); que definitivamente não se enquadram no conceito atração familiar nem mesmo para o Brasil. Portanto, para os padrões brasileiros, no máximo até PG-13 pode ser uma atração recomendada para toda a família – com os devidos cuidados, é claro.
Enfim, vamos às recomendações:

“Os Vingadores” (PG13) – tem muita ação, muita pancadaria, e um visual bastante convincente. Meninos irão certamente sair do cinema absurdamente encantados com os heróis e os imitando (eu pelo menos saí da sala de cinema ainda mais fã do Hulk). Mas, as cenas são de muita pancadaria e podem incomodar pais mais severos quando o assunto é violência. Definitivamente não recomendo para famílias preocupadas com isso, pois a beleza das explosões e do ambiente de guerra é a marca do filme.

“Dark Shadows” (PG13) A velha combinação Tim Burton e Jhonny Depp que nem sempre funciona, mas que todo mundo gosta. Dessa vez, Depp interpreta um vampiro de uma série de televisão da década de 1960. Em tempos de saga Crepúsculo, o filme promete ser um bom Terrir (Terror que faz Rir). Porém, nas fotos de divulgação, o filme pode apresentar cenas de nudez e de referência ao uso de drogas.

“Battleship” (PG13): bem ao estilo “Transformers”, segue a mesma fórmula: pancadaria, destruição, máquinas e explosões em alta performance, e efeitos visuais de se tirar o fôlego.

“O Que Esperar Quando Você Está Esperando” (PG13): O título é ruim assim mesmo, mas promete chegar badalado no Brasil por ter no papel de galã o compatriota Rodrigo Santoro dividindo a tela com Cameron Diaz, Dennis Quaid, Jennifer Lopez, e tantos outros. Por se tratar de comédia romântica baseada nos temas ansiedades e gravidez, é certeza de inúmeros momentos onde o tema central será o sexo. Agora, parafraseando Cazuza, é um filme para quem já sabe que “todo dia vem a hora da sessão coruja”.

“Homens de Preto III” (PG13): não acredito que vá muito mais além dos outros dois. Portanto, não recomendado para aqueles que se incomodaram com os dois primeiros filmes apenas.

“Madagascar 3” (PG): mesmo caso de “Homens de Preto”. Com uma pequena observação: nos dois primeiros filmes houve quem se incomodou com alguns momentos de humor rude que o filme apresenta - apesar da classificação ser para todas as idades.

Por enquanto, é isso! Ósculos e amplexos!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"Um Sonho de Amor", 2009: Bella storia e belle foto!



"Um Sonho de Amor" (Io Sono L'Amore) 2009 [Itália/Rússia/UK] Direção: Luca Guadagnino Roteiro: Luca Guadagnino / Barbara Alberti / Ivan Cotroneo / Walter Fasano Elenco: Tilda Swinton / Flavio Parenti / Edoardo Gabbriellini / Alba Rohrwacher / Pippo Delbono / Diane Fleri / Maria Paiato / Gabriele Ferzetti

Duas reclamações são obrigatórias antes de se avaliar este filme: o nome péssimo e absurdamente genérico que deram aqui no Brasil, podendo ser tranquilamente ser chamado de "Eu Sou o Amor" - o que faria muito mais sentido e paladar ao filme - ; e a demora para chegar nas telas, pelo menos de Curitiba - dois longos anos!!!

Reclamações feitas, vamos ao filme. Para quem sempre está com saudades dos bons filmes italianos, este é de deixar o espectador satisfeito. Sim, daqueles que provocam, instigam, envolvem, e ainda possui uma paisagem de se perder o fôlego. Aos poucos, sem nenhum salto, no tempo exato, vai se construindo a história principal, os personagens vão sendo compostos com complexidade e profundidade, e as paisagens e a fotografia vão se fundindo com o drama de cada um em cena e a nossa paixão pela Bella Itália vai às alturas.

O filme apresenta uma família tradicional, de classe alta de Milão, em que à princípio não se tem nenhum outro drama senão a preocupação em se fazer um jantar de gala para seu anfitrião, o patriarca Edoardo Recchia Senior (Ferzetti), encaixando uma convidada de última hora de seu neto, Edoardo (Parenti). Em meio ao jantar, que está sendo um sucesso, um novo drama: Edoardo Senior anuncia sua aposentadoria, surpreendendo a todos ao anunciar como sucessor não apenas seu filho, o monótono e ambicioso Tancredi (Delbono) mas também a seu neto Edoardo. Logo, outro drama surge: a neta, Delfina (Codecasa), seguindo a tradição da família de se presentear com um quadro - preferencialmente de própria autoria - presenteia o nono com uma fotografia, coisa que visivelmente constrange o patriarca e que mesmo tentando disfarçar provoca mal-estar em toda a família. Em meio a esse turbilhão de sentimentos, outros irão surgir com maior força e maior intensidade fazendo com que os primeiros sejam transformados em mera futilidade.

Antonio (Gabriellinni), amissíssimo de Edoardo, que o vencera em uma corrida e que já havia se tornado um constrangedor tema daquela janta, aparece na mansão Recchia para demonstrar sua amizade por Edoardo. Aos poucos, vamos descobrir uma amizade de profunda admiração e irmandade entre os dois. Tal profunda admiração se extende também para a alma do filme: Emma (Swinton), que se encanta com o rapaz e com seu talento culinário. Deste ponto em diante, temos em cena a tragédia do amor, como em uma ópera italianíssima.

O filme vai sendo construído com inteligência e vai sempre deixando marcas em quem assiste. É impossível não suspirar com as belas imagens e com a atuação bastante convincente de Swinton (que a cada dia mais me surpreende com sua boa forma e talento cênico). Somos tranportados para as belas imagens de Milão e San Remo, ficamos aflitos com a frieza de Londres, sentimos o cheiro da rica culinária de Antônio, nos apaixonamos por todos os personagens. O filme começa em pleno inverno, com calçadas branquinhas de neve, e vai esquentando ao longo da trama. Tudo o que foi construído no começo passa a ser descontruído com aquela beleza do amor/tragédia italiana. Emma vai se descobrindo na medida em que sua história original é resgatada, ao mesmo tempo, sua vida vai passar por processos nada fáceis. Somente quem é puramente amor poderia tomar as decisões tomadas. E, de quebra, rapidamente várias surpresas no final não deixam o filme com pontas soltas.

Talvez minha única queixa é a existência de um personagem que passou, inclusive, sem falas. O irmão de Edoardo. Ele está ao longo de todo o filme, mas nem no cartaz aparece. No restante, é um filme lindo e que vale a pena de se comprar assim que achar nas prateleiras. Um filme italiano daquele que estávamos com saudade!

Ósculos e amplexos!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Melancolia", 2011: poético e fascinante fim do mundo.



Melancolia (Melancholia) Dinamarca / Suécia / França / Alemanha , 2011 - 136 minutos Drama / Ficção científica Direção: Lars Von Trier Roteiro: Lars Von Trier Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Alexander Skarsgaard, John Hurt, Stellan Skarsgaard, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling



Apesar de um pouco zonzo com as tomadas de câmera na mão e muita intervenção ao som de Tristão e Izolda, de Wagner, confesso que saí do cinema irritado com o filme. Mas, poucos minutos após sair, caminhando pela cidade, pude compreender a beleza de um dos melhores e mais polêmicos diretores da atualidade. Lars Von Trier, ao mesmo tempo que é infeliz ao fazer declarações nas coletivas envolvendo Hitler e judeus, é por demais feliz em suas obras. E, para quem não estiver com espírito preparado para assistir mais uma obra do depressivo diretor certamente terá uma desagradável surpresa.



O filme, de uma maneira geral, é uma pintura de uma catástrofe anunciada. Igualmente a uma ópera, porém com uma fotografia exuberantemente linda, teremos duas longas versões melancólicas de uma catástrofe inevitável. Após ver uma série de imagens onde mostra uma noiva angustiada querendo fugir e o planeta Terra sendo engolido por outro consideravelmente maior, o filme começa de fato e seguira em duas partes. Na primeira, a história acontece ao redor de Justine (Dunst). De maneira muito bonitinha e alegre, temos uma limosine incapaz de levar o casal apaixonado ao seu casamento por não conseguir fazer uma curva. Do momento em que chegam ao local da festa de casamento em diante, o que temos é um festival de tristezas e muita, mas muita ironia de Lars Von Trier. (Infelizmente, não poso adiantar muita coisa - evitando Spoilers). A segunda parte, por sua vez, passa-se ao redor da angústia da outra irmã, Claire (Gainsbourg). Ela tem conhecimento da aproximação do planeta Melancolia e teme pelo pior.



Desde o começo sabemos o que vai acontecer. Porém, a beleza de como cada coisa é apresentada é de se encher os olhos. Seja pelo nu azulado de Justine, seja pela convincente interpretação de cada um dos atores e atrizes. Cada qual com uma beleza ímpar. Tanta coisa bela caminha junto com o abismo depressivo de Von Trier. Para ele, o fim do mundo é assim, sem esperança, sem grandes acontecimentos previstos ou revelados, sem nem menos pena da humanidade. Para ele "a humanidade não fará falta".



Não se trata de um filme fácil de se assistir, mas consideravelmente possível se comparado à outras obras de Lars Von Trier. Um poético e fascinante fim do mundo, do nosso universo particular e de nosso universo intangível.


Ósculos e amplexos!