Mais um filme com criança, repleto de bichos em um mundo encantado, baseado em um livro infantil e muito popular no jardim de infância, mas que acabou sendo feito para adultos. Não se trata, definitivamente, de um entretenimento familiar daqueles onde se reúne toda a família para assistir uma história de bichinhos fofinhos que tomam forma real. Trata-se de um filme que se passa na turbulenta mente de uma criança de nove anos de idades. É uma obra sobre a depressiva necessidade de amadurecer e enfrentar um mundo real cinza, cruel e doloroso.
O filme é baseado no homônimo e conciso livro de 338 palavras, 9 sentenças e 37 páginas de Maurice Sendak, e que se tornou um clássico da literatura dos Estados Unidos. Sua importância para a literatura estadunidense pode ser verificada através de declarações como a do Presidente Obama quando ele diz ser um de seus livros favorito e que o leu mais de mil vezes. Nele, Max (Records) nos é apresentado como uma criança de classe social não muito abastada, de mãe solteira (Keener) e irmão de uma adolescente sem tempo para ele. Quando os amigos de sua irmã destroem seu "forte de neve", Max, em retaliação, destrói tudo o que há em seu quarto. Para piorar, sua mãe leva para casa seu namorado (Ruffalo) e novamente uma explosão de raiva toma conta de Max – ele se veste de lobo e morde sua mãe.
Mandado de castigo, Max em sua imaginação foge de casa e desembarca em uma ilha onde vivem os monstros. Lá é um lugar de grandes desertos e florestas sombrias e que tem como habitantes vários monstros que revelam partes da personalidade (ou da própria psique) de Max: o preferido dele, Carol (Gandolfini), impetuoso e egocêntrico; o dócil e criativo Ira (Whitaker); o companheiro Douglas (Cooper); o bode carente Alexader (Dano); a severa Judith (O'Hara); o lamurioso Touro (Berry Jr) e KW (Ambrose) o sentimento materno recebido. Max se torna o líder deles, transformando-se em uma espécie de pai dos monstros preocupado e assustado quando as criaturas saem do controle.
O filme ganhou ares de filme de arte, mas se simpatizar ou não com ele depende muito do espectador topar a fantasia. E é justamente neste quesito a maior dificuldade da obra: a fantasia é cansativa e triste. A projeção, ao contrário do livro, chega a ter momentos de grande verborragia. É difícil se identificar com qualquer coisa.
A bipolaridade é presente nas músicas, na história, e nos monstros, sendo uma característica marcante em todo o filme. Mas as cores pálidas e escurecida, bem como a neve azulada, não é exatamente atraente para aquele que deseja mergulhar na mente de uma criança – mesmo que turbulenta e depressiva.
O filme não é ruim, apesar de tudo. É bastante triste e seu ritmo é lento como o sono de um usuário de anti-depressivos. Porém, soube explorar bem a depressão infantil em meio a uma elegante narrativa.
Ósculos e amplexos!
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