terça-feira, 24 de maio de 2011

“ONDE VIVEM OS MONSTROS”, 2009: a turbulenta mente de uma criança de nove anos de idade.

"Onde Vivem Os Monstros" (Where The Wild Things Are) [EUA], 2009 – 101 min Drama / Fantasia Direção: Spike Jonze Roteiro: Spike Jonze, Dave Eggers, Maurice Sendak Elenco: Max Records, James Gandolfini, Catherine Keener, Paul Dano, Catherine O'Hara, Forest Whitaker, Michael Berry Jr., Chris Cooper, Lauren Ambrose



Mais um filme com criança, repleto de bichos em um mundo encantado, baseado em um livro infantil e muito popular no jardim de infância, mas que acabou sendo feito para adultos. Não se trata, definitivamente, de um entretenimento familiar daqueles onde se reúne toda a família para assistir uma história de bichinhos fofinhos que tomam forma real. Trata-se de um filme que se passa na turbulenta mente de uma criança de nove anos de idades. É uma obra sobre a depressiva necessidade de amadurecer e enfrentar um mundo real cinza, cruel e doloroso.



O filme é baseado no homônimo e conciso livro de 338 palavras, 9 sentenças e 37 páginas de Maurice Sendak, e que se tornou um clássico da literatura dos Estados Unidos. Sua importância para a literatura estadunidense pode ser verificada através de declarações como a do Presidente Obama quando ele diz ser um de seus livros favorito e que o leu mais de mil vezes. Nele, Max (Records) nos é apresentado como uma criança de classe social não muito abastada, de mãe solteira (Keener) e irmão de uma adolescente sem tempo para ele. Quando os amigos de sua irmã destroem seu "forte de neve", Max, em retaliação, destrói tudo o que há em seu quarto. Para piorar, sua mãe leva para casa seu namorado (Ruffalo) e novamente uma explosão de raiva toma conta de Max – ele se veste de lobo e morde sua mãe.



Mandado de castigo, Max em sua imaginação foge de casa e desembarca em uma ilha onde vivem os monstros. Lá é um lugar de grandes desertos e florestas sombrias e que tem como habitantes vários monstros que revelam partes da personalidade (ou da própria psique) de Max: o preferido dele, Carol (Gandolfini), impetuoso e egocêntrico; o dócil e criativo Ira (Whitaker); o companheiro Douglas (Cooper); o bode carente Alexader (Dano); a severa Judith (O'Hara); o lamurioso Touro (Berry Jr) e KW (Ambrose) o sentimento materno recebido. Max se torna o líder deles, transformando-se em uma espécie de pai dos monstros preocupado e assustado quando as criaturas saem do controle.


O filme ganhou ares de filme de arte, mas se simpatizar ou não com ele depende muito do espectador topar a fantasia. E é justamente neste quesito a maior dificuldade da obra: a fantasia é cansativa e triste. A projeção, ao contrário do livro, chega a ter momentos de grande verborragia. É difícil se identificar com qualquer coisa.



A bipolaridade é presente nas músicas, na história, e nos monstros, sendo uma característica marcante em todo o filme. Mas as cores pálidas e escurecida, bem como a neve azulada, não é exatamente atraente para aquele que deseja mergulhar na mente de uma criança – mesmo que turbulenta e depressiva.



O filme não é ruim, apesar de tudo. É bastante triste e seu ritmo é lento como o sono de um usuário de anti-depressivos. Porém, soube explorar bem a depressão infantil em meio a uma elegante narrativa.


Ósculos e amplexos!

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