segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Tempo de Glória", 2004: romance SUD (mórmon).


"Tempo de Glória", 2004 (The Work and The Glory) [EUA] 110 minutos (1 hora e 50 minutos) Gênero:Drama / Romance Direção: Russell Holt Elenco:
Sam Hennings (Benjamin Steed) Brenda Strong (Mary Ann Steed) Eric Johnson (Joshua Steed) Alexander Carroll (Nathan Steed) Tiffany Dupont (Lydia McBride) Brighton Hertford (Melissa Steed / Narrador) Kimberly Varadi (Becca Steed) Colin Ford (Matthew Steed) Kathryn Firago (Hannah McBride) Jim Grimshaw (Josiah McBride) Jonathan Scarfe (Joseph Smith) Sarah Darling (Emma Smith) Edward Albert (Martin Harris) Ryan Wood (Hyrum Smith).



É complicado fazer a resenha de um filme com tamanho conteúdo religioso. Ainda mais que se trata de um filme ambientado na religião ao qual sou membro. Em praticamente todas as resenhas, sejam as brasileiras ou sejam as estrangeiras, há uma sobrecarga de amor e ódio sempre direcionada à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias enquanto que para o filme propriamente dito pouco sobra. Assim, o crítico fica refém dos preconceitos: se achou o filme bom, é mórmon, se achou ruim, não é mórmon. Repentinamente, todo aquele que se prestar a avaliar este filme será avaliado. Assumo, então, o risco.


O filme é o primeiro de uma trilogia que conta a história da fictícia, mas que poderia ser real, família Steed, principalmente a dos irmãos Joshua e Nathan. Eles se mudam para Palmyra, NY, a fim de trabalhar em suas terras recém-adquiridas. Lá, entram em contato com a família Smith ao contratar os bons trabalhadores Hyrum e Joseph - esses reais. O problema é que a família Smith não é das mais bem quistas devido a visão que Joseph teve certo dia em um bosque. Conta o populacho que Joseph teria ouvido anjos lhe contarem sobre uma bíblia de ouro enterrada em algum lugar. Na verdade, Joseph teria visto dois personagens em meio a uma luz gloriosa. Seriam o próprio Deus e Seu Filho, Jesus Cristo, lhe dizendo que não deveria se afiliar a nenhuma igreja e que aguardasse novas instruções que lhe seriam dadas muito em breve. A bíblia de ouro que os populares tanto falavam são, na verdade, placas de ouro que seriam traduzidas por Joseph e que mais tarde seriam chamadas de "O Livro de Mórmon" - livro que é pedra angular de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fundada por Joseph Smith. Poucos são os que acreditam em Joseph, mas são muitos os que o perseguem seja por preconceito ou seja pela ambição em roubar um livro de ouro.


Apesar de ser um filme em que Joseph Smith e sua igreja façam parte, é a história de Joshua e Nathan Steed o centro das atenções. Joshua vai aos poucos se tornando um problema para a família. Se une aos ladrões e trapaceiros Murdocks, e se torna um elemento foragido da polícia e altamente perigoso. Já Nathan acredita em Joseph Smith e se converte ao mormonismo junto com sua família (exceto Benjamin Steed, seu pai). A coisa entre os irmãos Nathan e Joshua se complica com o triângulo amoroso entre eles e Lydia McBride (Dupont), filha do rigoroso Josiah, dono do armazem.


O filme acaba sendo uma abordagem sobre a intolerância religiosa em uma época de imensos conflitos religiosos nos Estados Unidos. Trata-se de um período muito rico para a história dos Estados Unidos, e justamente neste ponto é que o filme começa a despencar por conta de suavizações de coisas que não poderiam ser suavizadas. Os longos e fervorosos debates das reuniões do "Grande Despertar" são suavizados a fim de se tornar mais confortável para quem o assiste - perdendo a ótima oportunidade de apresentar um Estados Unidos mais próximo de sua realidade. O filme é feito provavelmente por mórmons, pois as explicações são feitas inclusive em um linguajar muito conhecido pelos Santos dos Últimos Dias, mas praticamente desconhecido para os não membros. A fotografia, apesar de interessante, revela alguns defeitos irritantes. E há uma áura de perfeição conflitando com uma tentativa de humanização de Joseph Smith que não contribui em nada com o personagem.


Sem dúvidas, o filme é uma propaganda mórmon. Mas tem como vantagem mostrar um pouco mais sobre o drama das famílias que tiveram coragem de aceitar uma nova religião em uma época em que as religiões, novas ou tradicionais, provocavam mais e mais confusão. As famosas turbas contra Joseph Smith, no filme, tinham várias motivações além das quase sempre exploradas intolerância religiosa - como por exemplo, a crença de que poderia roubar um livro de ouro.


Para o cinéfilo, o filme não é dos melhores. Sua história acaba sendo sem maiores emoções. Tem um ritmo lento demais e abrange aspectos que realmente não contribui para o desenrolar nem do romance nem para os dramas familiares existentes.


Ósculos e amplexos!

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