"Biutiful" (idem) [ESP/MEX] , 2010 - 147 minutos Drama Direção: Alejandro González Iñárritu Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Armando Bo, Nicolás Giacobone Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Eduard Fernández, Cheikh Ndiaye, Diaryatou Daff, Cheng Tai Shen
Pensem em uma abordagem sobre a miséria de uma vida feita de maneira monótona mesmo diante de uma que possuía tudo para ser das mais agitadas. Misture com uma visita a uma Barcelona feia, suja, sem nenhum glamour: a Barcelona dos trabalhadores ilegais, das prostitutas, da malandragem. Pensem em um personagem no qual o espectador irá alimentar simultaneamente repulsa e dó por ele. Pensem em um filme do qual não dá trégua nenhum segundo sequer. Isto é Biutiful.
Gostar ou não do filme realmente não importa, ele é bom e pronto. O problema é que retratar a vida (ou a morte) tão de perto não é coisa que queremos ver no cinema. Ainda mais que estamos acostumados com a vidinha besta dos personagens hollywoodianos. Quando nos deparamos com alguém que urina sangue, vamos sentindo dores junto. E isto é o que fez tantos críticos e cinéfilos torcerem o nariz para este filme. Mas, para quem assistiu 21 gramas e Babel não esperaria outra coisa do diretor Iñarritu senão algo intenso, um capítulo de um imenso tratado sobre a morte e a miséria da vida.
Não há interrupção na obscuridade que o filme se propõe relatar. E o roteiro é solto como a vida. O drama é construído no tempo em que as coisas acontecem: desgraças em doses diárias e pequenas, que vão agudizando a dor do protagonista ou do que está vivo. Não se sabe quem é mais desgraçado. E ao fim, saímos do cinema sem saber se foi uma sessão sobre amores, morte, endermidades ou miséria. Tudo gira ao redor de Bardem, que mesmo sem maiores expressões, está pra lá de convincente. Mas os coadjuvantes estão equilibradíssimos (em seus desequilíbrios). Com destaque para as crianças.
Na medida em que vemos a vida de Uxbal (Bardem) se esvaindo, vamos vendo como a morte pode ser linda, ou Biutiful.
Ósculos e amplexos!
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