"Meia-Noite em Paris" (Midnight in Paris) [França/EUA] , 2011 - 100 min. Comédia/Romance Direção: Woody Allen Roteiro: Woody Allen Elenco: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Carla Bruni-Sarkozy, Michael Sheen, Nina Arianda, Alison Pill, Tom Hiddleston, Kathy Bates, Corey Stoll, Kurt Fuller, Mimi Kennedy
Desde 2005 que Woody Allen se reinventa. Abandonou aquela insistente busca por um lado felliniano que não possui e resolveu divagar pelo mundo seu jeito esquizofrênico em verdadeiras declarações de amor pelas cidades onde seus novos filmes são ambientados. Um Woody Allen com sotaque e um olhar inteligente, mesmo que seu alter-ego seja sempre seu personagem principal. Em "Meia-Noite em Paris", de maneira leve, declara-se o amor pela Cidade Luz da seguinte forma: - "Cara, como consegue essa cidade ser tão mágica? Tenho que falar com a Câmara do Comércio sobre algumas coisinhas!". E tal declaração de amor lhe rendeu o filme que já é sua melhor produção desde "Hanna e suas irmãs", 1985.
O alter-ego de Allen é Gil (Wilson), renomado e cansado roteirista de Hollywood que deseja publicar um livro realmente bom. Ele está prestes a se casar com a linda, intragável e completamente fútil Inez (McAdams) e vão para Paris a fim de objetivos bastante diferentes. Mas Gil acaba tendo um romance paralelo: apaixona-se pela cidade e misteriosamente é conduzido para uma Paris dos anos 1920, onde se encontra com seus ídolos e referências como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Salvador Dalí e tantos outros (com direito a uma sequência de gags com nada menos que Salvador Dalí).
De uma maneira bastante suave, Gil vai ocupando todos os espaços do filme. Não se trata de uma comédia, mas de um encontro. Ainda que Allen dê momentos de política, filosofia e sua eterna maneira particular de ridicularizar a psicologia, seu alvo principal é a pseudo-intelectualidade. Aliás, dá uma surra no intelectual de Sourbonne quando viaja pelo tempo e comprova que a arte deve ser vivida e não somente ostentada. Quem não vive a arte, apenas acumula informação e se torna pedante. E o personagem intelectualoide é Paul (Sheen), que dá encima descaradamente da noiva de Gil enquanto toma atitudes irritantes como a de discutir com a guia vivida pela Primeira-Dama francesa Carla Bruni-Sarkozy. Também sustenta uma tese que será o grande drama do filme: por que uma geração sempre venera a geração anterior?
O filme é lindo, leve, romântico, mas exige um público iniciado - mas não muito - em letras e artes. Se não conhecer Buñuel, se não assistir seu "O Anjo Exterminador", 1962, não vai entender a piada maravilhosa que aparece quando Gil dá uma ideia de filme ao próprio diretor espanhol. Se não entender um pouco das literaturas francesa e americana, certamente não vai entender a brincadeira entre Fitzgerald e Gil sobre Mark Twain. Mas não se preocupe, o filme é bom e tão somente os pseudo-intelectuais - tão ironizados no filme - irão se preocupar em dissecar cada uma dessas referências.
Excelente, é um Woody Allen revigorado.
Ósculos e amplexos!
Desde 2005 que Woody Allen se reinventa. Abandonou aquela insistente busca por um lado felliniano que não possui e resolveu divagar pelo mundo seu jeito esquizofrênico em verdadeiras declarações de amor pelas cidades onde seus novos filmes são ambientados. Um Woody Allen com sotaque e um olhar inteligente, mesmo que seu alter-ego seja sempre seu personagem principal. Em "Meia-Noite em Paris", de maneira leve, declara-se o amor pela Cidade Luz da seguinte forma: - "Cara, como consegue essa cidade ser tão mágica? Tenho que falar com a Câmara do Comércio sobre algumas coisinhas!". E tal declaração de amor lhe rendeu o filme que já é sua melhor produção desde "Hanna e suas irmãs", 1985.
O alter-ego de Allen é Gil (Wilson), renomado e cansado roteirista de Hollywood que deseja publicar um livro realmente bom. Ele está prestes a se casar com a linda, intragável e completamente fútil Inez (McAdams) e vão para Paris a fim de objetivos bastante diferentes. Mas Gil acaba tendo um romance paralelo: apaixona-se pela cidade e misteriosamente é conduzido para uma Paris dos anos 1920, onde se encontra com seus ídolos e referências como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Salvador Dalí e tantos outros (com direito a uma sequência de gags com nada menos que Salvador Dalí).
De uma maneira bastante suave, Gil vai ocupando todos os espaços do filme. Não se trata de uma comédia, mas de um encontro. Ainda que Allen dê momentos de política, filosofia e sua eterna maneira particular de ridicularizar a psicologia, seu alvo principal é a pseudo-intelectualidade. Aliás, dá uma surra no intelectual de Sourbonne quando viaja pelo tempo e comprova que a arte deve ser vivida e não somente ostentada. Quem não vive a arte, apenas acumula informação e se torna pedante. E o personagem intelectualoide é Paul (Sheen), que dá encima descaradamente da noiva de Gil enquanto toma atitudes irritantes como a de discutir com a guia vivida pela Primeira-Dama francesa Carla Bruni-Sarkozy. Também sustenta uma tese que será o grande drama do filme: por que uma geração sempre venera a geração anterior?
O filme é lindo, leve, romântico, mas exige um público iniciado - mas não muito - em letras e artes. Se não conhecer Buñuel, se não assistir seu "O Anjo Exterminador", 1962, não vai entender a piada maravilhosa que aparece quando Gil dá uma ideia de filme ao próprio diretor espanhol. Se não entender um pouco das literaturas francesa e americana, certamente não vai entender a brincadeira entre Fitzgerald e Gil sobre Mark Twain. Mas não se preocupe, o filme é bom e tão somente os pseudo-intelectuais - tão ironizados no filme - irão se preocupar em dissecar cada uma dessas referências.
Excelente, é um Woody Allen revigorado.
Ósculos e amplexos!
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