terça-feira, 14 de junho de 2011

"Copacabana", 2010: divertido e leve, nos apaixonamos antes de ficarmos irritados.


"Copacabana" (idem) [França/Bélgica], 2010 Direção: Marc Fitoussi Roteiro: Marc Fitoussi Elenco: Isabelle Huppert, Chantal Banlier, Magali Woch, Lolita Chammah Duração: 105 min Comédia/Drama

Os franceses praticamente se tornaram pais do gênero Comédia-Dramática. "Copacabana" é um exemplo disso. Babou (Huppert), de espírito livre e de imensa autenticidade, tem uma complicado relacionamento com sua filha Esméralda (Chammah). Ela não aceita o jeitão adoidado de sua mãe e pede para que não comparaça em seu casamento como garantia de que não ficará envergonhada. A decisão de sua filha fez com que Babou tomasse as rédeas de sua vida, indo para a monótona cidade de Ostende, na Bélgica, a fim de provar que é capaz de ser responsável, de ser uma pessoa normal.

O contraste entre Babou e Esméralda é constante, bem como constantemente é contrastada a vida real com a vida idealizada. Exemplo disso é a tomada aérea da praia de Ostende ao som de samba, é o som alegre da batida brasileira no deprimente balneareo belga. Ela, Babou, vai trabalhar "pescando" turistas para imóveis "timeshare" - apenas um em cada oito amigos que voltam da Europa falam que é um bom negócio, os outros sete chegam a se contorcer de raiva. Melhor explicando, são inúmeras as formas de se pescar o turista para timeshare, que vale desde raspadinhas até mesmo um passeio de limousine. Mas quando o turista entra no prédio, deparará-se com uma agressiva abordagem e quase três horas de palestras, apresentações, tudo para que o impulso o obrigue a fechar negócio. Babou se encontra trabalhando em um sistema considerado por muitos como pura falcatrua.

O filme é uma delícia de se ver. Babou é o carisma é pessoa. Sente muito a falta da filha, mas não perde o sonho de demonstrar que é uma grande mãe. Intervém positivamente na vida das pessoas sempre que pode, ainda que sua própria vida seja uma bagunça. É claro que a visão que ela possui sobre o Brasil é da caricata Copacabana da década de 60, com as mesmas músicas. Mas não ofende, pelo contrário, é um elogio. Mesmo não havendo nenhum segundo sequer no Brasil, o ideal de se estar na colorida, apaixonante, e alegre terra descoberta por Cabral colore o cinza da vida real de Babou. A França é o cinza da vida real, e o Brasil é a cor do sonho. Bem como a cor do sonho deve pintar o casamento de Esméralda, que dá sinais claros de caminhar para um cinza infinito.

Copacabana é divertido e leve. E o público brasileiro não se importará com a caricatura generalizada que sempre nos incomoda, pois já estará apaixonado pela autenticidade de Babou.

Ósculos e amplexos!

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