quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Mamute", 2010: Suave, como exige esse paquiderme.


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  •  "Mamute" (Mammuth) 2010 Diretor: Gustave de Kervern, Benoît Delépine Elenco: Gérard Depardieu, Yolande Moreau, Isabelle Adjani, Benoît Poelvoorde, Miss Ming Gênero: Comédia Dramática Duração: 92 min. País: França 



É fácil de entender que há algo rústico, lento, "dinossáurico" no centro da tela grande e que será a alma de todo o filme. Além de uma moto com o nome do paquiderme ancestral há Serge (Depardieu), que é assim. Serge se encontra no limiar de um dos maiores problemas da vida: o tédio ao se aposentar. Devido a uma insana burocracia francesa, Serge deverá ir atrás de seus dez empregos anteriores. Para isso, ele conta apenas com a sua memória e sua moto Mamute. 

O filme, apesar de retratar um mamute figurativamente, ele é bastante suave igual ao personagem. Inculto, grosseirão, fedido, aos poucos, em sua "road trip" ele vai encontrando novos sentidos para sua vida. Principalmente quando encontra sua sobrinha um tanto quanto afetada Miss Ming (Ming). Mas não deixa de ser interessante. De maneira bastante leve, tem-se na tela todos os fantasmas de Serge. Mas ele convive muito bem com eles. O problema são as memórias que ainda estão vivas e que, ao encontrar com elas, vai achando tudo desinteressante e absurdamente sem gosto (inclusive uma discutível lembrança dos tempos de garoto entre ele e seu primo que beira a loucura de tão deprimente e nada atraente).

O jeitão enorme da falta de físico de Depardieu se encaixa perfeitamente com a angústia do personagem que busca um lugar neste mundo neste momento de sua vida. Ele representa tudo o que está velho e ultrapassado na opinião desse mundo que ele não se encaixa. Ele é lento com sua moto de outrora envenenada - as motos envenenadas de hoje passam voando por ele. Sua cortesia é vista como idiotice. E assim por diante, sempre em um tom irônico em nenhum momento apelativo, ainda que por vezes indigesto. Sempre suave.

Aos poucos, Miss Ming e seu jeitão afetado vai fazendo Serge encontrar gosto pela vida. Ela vive em outro mundo, mas que não aceita esse mundo tão quanto o velho mamute. Ela mostra a beleza de se sentir as coisas. E assim, aos poucos, Serge vai entender o seu valor.

O único problema é que o filme termina meio sem sal. Esperava alguma coisa acontecer no final. Mas, ao mesmo tempo, talvez seja justamente a beleza dessa obra.

Ósculos e amplexos!


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