Melancolia (Melancholia) Dinamarca / Suécia / França / Alemanha , 2011 - 136 minutos Drama / Ficção científica Direção: Lars Von Trier Roteiro: Lars Von Trier Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Alexander Skarsgaard, John Hurt, Stellan Skarsgaard, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling
Apesar de um pouco zonzo com as tomadas de câmera na mão e muita intervenção ao som de Tristão e Izolda, de Wagner, confesso que saí do cinema irritado com o filme. Mas, poucos minutos após sair, caminhando pela cidade, pude compreender a beleza de um dos melhores e mais polêmicos diretores da atualidade. Lars Von Trier, ao mesmo tempo que é infeliz ao fazer declarações nas coletivas envolvendo Hitler e judeus, é por demais feliz em suas obras. E, para quem não estiver com espírito preparado para assistir mais uma obra do depressivo diretor certamente terá uma desagradável surpresa.
O filme, de uma maneira geral, é uma pintura de uma catástrofe anunciada. Igualmente a uma ópera, porém com uma fotografia exuberantemente linda, teremos duas longas versões melancólicas de uma catástrofe inevitável. Após ver uma série de imagens onde mostra uma noiva angustiada querendo fugir e o planeta Terra sendo engolido por outro consideravelmente maior, o filme começa de fato e seguira em duas partes. Na primeira, a história acontece ao redor de Justine (Dunst). De maneira muito bonitinha e alegre, temos uma limosine incapaz de levar o casal apaixonado ao seu casamento por não conseguir fazer uma curva. Do momento em que chegam ao local da festa de casamento em diante, o que temos é um festival de tristezas e muita, mas muita ironia de Lars Von Trier. (Infelizmente, não poso adiantar muita coisa - evitando Spoilers). A segunda parte, por sua vez, passa-se ao redor da angústia da outra irmã, Claire (Gainsbourg). Ela tem conhecimento da aproximação do planeta Melancolia e teme pelo pior.
Desde o começo sabemos o que vai acontecer. Porém, a beleza de como cada coisa é apresentada é de se encher os olhos. Seja pelo nu azulado de Justine, seja pela convincente interpretação de cada um dos atores e atrizes. Cada qual com uma beleza ímpar. Tanta coisa bela caminha junto com o abismo depressivo de Von Trier. Para ele, o fim do mundo é assim, sem esperança, sem grandes acontecimentos previstos ou revelados, sem nem menos pena da humanidade. Para ele "a humanidade não fará falta".
Não se trata de um filme fácil de se assistir, mas consideravelmente possível se comparado à outras obras de Lars Von Trier. Um poético e fascinante fim do mundo, do nosso universo particular e de nosso universo intangível.
Ósculos e amplexos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário